Eugênio Moraes
Sequestros Belvedere
Após cerco na BR-262, em Betim, a Polícia Militar conseguiu prender dois criminosos

Três sequestros-relâmpago foram registrados em menos de 24 horas no bairro Belvedere, Zona Sul de Belo Horizonte. Em todos os casos, as vítimas estavam de carro, foram rendidas por bandidos armados que levaram os pertences e depois as abandonaram na BR-262, na altura da cidade de Betim, na região metropolitana.
A primeira vítima, o motorista de um diretor de uma construtora de BH, foi abordado pelos ladrões por volta das 20h da última segunda-feira, na rua Modesto Carvalho Araújo, perto de uma escola onde ia buscar o filho do patrão. Ele foi rendido e levado até a Praça da Cemig, em Contagem, onde os seus pertences foram repassados para outros bandidos que aguardavam no local.
Os suspeitos chegaram a fazer saques com os cartões da vítima, que foi abandonada posteriormente na rodovia. O mesmo ocorreu com um vendedor autônomo que foi abordado por bandidos por volta das 9h da última terça-feira (21) na rua Afonso Costa Reis, também no Belvedere.
“Esperava uma amiga na porta da escola, como faço quase todos os dias. Eles chegaram armados, entraram no carro e me passaram para o banco de trás. Faziam ameaças o tempo todo, dizendo que iam me matar”, conta a vítima.
Depois de uma parada na Praça da Cemig para dispensar alguns pertences, o vendedor foi libertado na BR-262, na altura do bairro Bandeirinhas, em Betim. “Me jogaram para fora, deram um tiro pra cima e falaram para correr sem olhar pra trás”, lembra.
O outro sequestro-relâmpago ocorreu na tarde da última terça, com as mesmas características dos anteriores. Mas, nesse caso, dois dos bandidos acabaram presos. Para as vítimas, fica o medo de frequentar uma região onde a violência é crescente. “Para um bairro como esse, espera-se ter mais segurança, mas o que se vê hoje em dia é exatamente o contrário”, alega a vítima, um estudante de Economia que preferiu não se identificar.

Operações
A Polícia Militar não esconde mais a preocupação com a ocorrência cada vez maior de crimes em regiões nobres de Belo Horizonte. Durante reunião na tarde da última terça, que contou com a participação de comandantes da corporação, de representantes da comunidade e até do secretário de Estado de Defesa Social, Rômulo Ferraz, foram discutidas algumas medidas para tentar conter a criminalidade nessas áreas.
“Vamos fazer operações na entrada e saída do Belvedere e patrulhamento em alguns pontos sensíveis”, afirma o tenente-coronel Luiz José Francisco Filho, comandante do 22º Batalhão, responsável pela Zona Sul.
O policial ainda destaca a importância da parceria com a comunidade para o êxito das ações. “Queremos criar a rede de moradores e comerciantes protegidos para atuar na prevenção dos crimes”, diz.

Parceria
A Polícia Militar também pretende tornar rotineiras reuniões como a que ocorreu na última terça-feira, para que a comunidade possa ter um canal direto com os policiais e relatar os principais problemas de segurança do bairro.
A parceria é essencial, já que o efetivo de PMs no Belvedere não pode ser considerado ideal. “A área do batalhão tem 500 mil moradores, se eu falar que tenho um policial para cada residência, estou mentindo. Por isso, tenho que potencializar o número de PMs no Belvedere para ações direcionadas e contar com a comunidade para ampliar a segurança”, afirma o comandante.